sábado, 8 de dezembro de 2012

Sistema Endócrino dos Insetos e Disruptores Endócrinos


Sistema Endócrino de Insetos

Hormônios são substâncias químicas que exercem a função de sinalizadores celulares e atuam em células alvo distantes do seu local de síntese. A regulação química de processos celulares pode ser encontrada mesmo nas espécies mais primitivas de plantas e animais. Em contraste com o sistema nervoso os hormônios sinalizam mais lentamente em maiores distâncias, porém esses dois sistemas integrados se completam e atuam nas funções fisiológicas e metabólicas dos organismos.
            O sucesso dos invertebrados na Terra é baseado em parte ao sistema endócrino relativamente sofisticado. A função endócrina é mais bem compreendida e mais amplamente estudada nos invertebrados considerados mais organizados do ponto de vista morfológico, isto porque um animal altamente organizado como um inseto necessita de um controle de integração mais refinado que um animal menos organizado, além de que nesses animais, muitas funções são atribuídas a órgãos especializados.
            O sistema endócrino foi estudado detalhadamente em poucas espécies de insetos, contudo, percebeu-se um padrão em relação à produção de hormônios e a função desse sistema. A metamorfose e a muda são processos fisiológicos que ocorrem nos insetos (assim como nos demais artrópodes) e são mediados por alguns hormônios como: hormônio pró-toracicotrópico, ecdisona, hormônio juvenil, hormônio da eclosão e o bursicon. Nesses animais, os hormônios são produzidos em: centros neurais, neuroglandulares ou glandulares.

Fonte: http://www.docstoc.com/docs/25694502/The-endocrine-system-of-insects

O hormônio pró-toracicotrópico (PTTH) é conduzido ao longo das células neurossecretoras para depósito de armazenamento (não existe um consenso sobre o seu local de armazenamento). Após ser liberado no sangue, esse hormônio ativa a glândula protorácica (glândulas pares geralmente localizadas no tórax ou na parte posterior da cabeça) a sintetizar e secretar a ecdisona α que por sua vez, assim como os outros ecdisteróides são sintetizados a partir do colesterol (o qual é adquirido pelos insetos através da dieta). Os ecdisteróides normalmente são carreados das glândulas protorácica pelas proteínas transportadoras plasmáticas até o tecido receptor periférico. Nesses tecidos, a ecdisona α é convertida em 20-hidroxiecdisona (ecdisona β), composto capaz de ativar as células hipodérmicas, permitindo a formação de uma nova cutícula, resultando na liberação da cutícula velha. Sabe – se que a liberação de ecdisteróides ocorre na forma de pulsos, antes de cada muda, sendo controlada principalmente pelo HPTT como já foi citado.
            O Hormônio Juvenil é outro hormônio atuante no desenvolvimento dos insetos, tanto na morfogênese, como também sobre o comportamento e processo reprodutivo desses animais. Esse tem estruturas modificadas de ácido graxo e é sintetizado e liberado da Corpora Allata. Atua em associação com a ecdisona β, promovendo a retenção das características imaturas da larva, ou seja, adiando a metamorfose até que o desenvolvimento da larva seja completado. Nos machos promove o desenvolvimento de órgãos sexuais acessórios e nas fêmeas adultas estimula a deposição de vitelo nos ovos, afeta a atividade das glândulas acessórias e a deposição do feromônio.
            A fase terminal da muda nos insetos conta com a participação de dois neurormônios, o hormônio da eclosão e o bursionhormônio que promove o desenvolvimento da cutícula e induz o curtimento da cutícula de adultos recentemente mudados. Os neurormônios, são em geral peptídeos, e são reguladores do desenvolvimento, homeostase, metabolismo e reprodução. Esses hormônios tanto podem alcançar os sítios efetores terminais diretamente ao longo do axônio ou através da hemolinfa, como também podem exercer controle indiretamente por meio de sua ação em outras glândulas endócrinas.

Metamorfose das borboletas
Foto: SteeveGreer (http://agroba.se/T00lxp)

Além dos hormônios já citados, podemos encontrar nos insetos hormônios diuréticos como o 5-hidroxitriptamina (5-HT, mais conhecida como serotonina) e antidiurético, como CAP2b., o qual encerra a diurese 3-4 horas após a alimentação. O estímulo para a liberação de hormônio diurético se relaciona com a distensão do abdômen, o aumento deste hormônio na circulação estimula a secreção através dos túbulos de Malpighi de um fluido rico em NaCl. Acredita-se que os nervos abdominais podem ser locais de produção ou liberação desses dois hormônios.
            Os eicosanóides são hormônios locais encotrados nos insetos (podem atuar como hormônio circundante). Possuem curto alcance e rapidamente exerce o seu efeito. Contudo, sua função é pouco estudada nesses animais, podem estar relacionado a inúmeras funções, dentre elas, a resposta imune.

Disruptores endócrinos


                     Os disruptores endócrinos são substâncias químicas (orgânicas e inorgânicas), bioacumaltivas que alteraram o funcionamento do sistema endócrino dos animais, na medida em que, podem substituir os hormônios naturais e bloquear a ação hormonal.  Essas substâncias incluem os agrotóxicos, substâncias químicas industriais (cosméticos, fármacos, etc.) e alguns metais pesados. Nos insetos, podem alterar processos neuroendócrinos, como a muda, a reprodução e a excreção, assim como, direta ou indiretamente, o sistema imunológico.
                       A Azadiractina (repelente natural, extraído de plantas da família Meliaceae), por exemplo, é uma substância que age sobre o sistema endócrino dos insetos bloqueando a produção de HPTT, que por sua vez não ativa a glândula protorácica, o que resulta na não produção da ecdisona.
                     A humanidade não está livre dessa ameaça. Existem disruptores que podem ser excretados de forma natural pelos seres humanos, contudo, isso não ocorre com muitas substâncias químicas porque estas se acumulam no tecido adiposo. Essas substâncias são inclusive capazes de atravessar a barreira placentária, atingindo o feto, além disso, as crianças são mais vulneráveis porque estão constantemente em contato com o solo. As consequências são diversas e podem ser imediatas ou ao longo prazo.

Considerações

                  Os disruptores endócrinos são um problema de ordem mundial. Por ser bioacumulativo os seres humanos são os que correm mais riscos, pois estão no topo da cadeia trófica. A bioacumulação dessas substâncias pode causar inclusive danos genéticos. Entre os anos de 1940 a 1970 foram observados casos de aparecimento de câncer em filhas de mulheres que usaram dietilestilbestrol (DES) durante a gravidez, foram documentados também anomalias no sistema reprodutivo de jacarés que habitavam um lago na Flórida, contaminado com pesticida DDT.
           Estes problemas devem-se em grande parte ao capitalismo que tanto se preocupa com o crescimento em larga escala de indústrias e com a globalização de empresas que seus donos acabam ignorando as pesquisas relacionadas aos danos que essas substâncias podem trazer ao meio ambiente.
                 Desta forma é fundamental que haja um controle por parte de governantes, principalmente com relação ao descarte de lixo hospitalar, que possui metais pesados (como chumbo e cadimo) que podem contaminar o lençol freático, poluindo o ambiente e expondo os seres vivos.
                É chegada a hora de se decidir se queremos um presente glorioso ou um futuro promissor, e mais que isso, é chegada a hora de transformar utopias em realidades.

Referências


GARCIA, Eloi S.; CASTRO, Daniele P; FIGUEIREDO, Marcela; GONZALEZ, Marcelo, AZAMBAJU, Patrícia. Sistema Neuroendócrino de insetos, 2012.

GUIMARÃES, João Roberto Pena de Freitas. Disruptores Endócrinos no meio ambiente: um problema de saúde pública. Disponível em < http://bvsms.saude.gov.br/bvs/trabalhador/pdf/texto_disruptores.pdf >

RANDALL, David J.,; BURGGREN, Warren; FRENCH, Kathleen. Eckert fisiologia animal: mecanismos e adaptacoes. 4. ed Rio de Janeiro: Guanabara, 2008

SANTAMARTA, José. A ameaça dos disruptores endócrinos. Disponível em < http://pvnocampo.com/agroecologia/a_ameaca_dos_disruptores_endogenos.pdf >, 2001

TON, P. S; MCINNES, K. Hansen. Os insetos: um resumo de entomologia. 3.ed São Paulo, SP: Roca, 2008. 


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